quarta-feira, 16 de maio de 2012

Por que seminaristas costumam perder a fé?



Augustus Nicodemus

Não quero dizer que acontece com todos. Mas, acontece com muitos. Conheço vários casos, inclusive próximos a mim, de jovens cristãos fervorosos, dedicados, crentes, compromissados com Deus, que gostavam de orar e ler a Biblia, que evangelizavam em tempo e fora de tempo, e que depois de entrar no seminário ou faculdade de teologia, esfriaram na fé, se tornaram confusos, críticos, incertos e até cínicos. Como Tomé, não conseguem crer (espero que ao final venham a crer, como graciosamente aconteceu com Tomé).


E isso pode acontecer até mesmo em seminários cujos professores são conservadores, que acreditam na Bíblia de capa a capa. Esse quase foi o meu caso. Após minha conversão em 1977, depois de uma vida desregrada e dissoluta, dediquei-me à pregação do Evangelho e a plantar igrejas. Larguei meu curso de Desenho Industrial na Universidade Federal de Pernambuco e fui trabalhar como obreiro no litoral de Olinda, pregando a uma comunidade de pescadores, depois no interior de Pernambuco entre plantadores de cana e finalmente entre viciados em droga em Recife. Todos me aconselhavam a fazer o curso de seminário e a me tornar pastor. Eu resistia, pois tinha receio de que quatro anos em um seminário iriam esfriar o meu ânimo, meu zelo, minha paixão pelas almas perdidas. Eu conhecia vários seminaristas e não tinha a menor intenção de me tornar como eles. Finalmente cedi. Entrei no seminário aos 24 anos de idade, provavelmente como um dos mais relutantes candidatos ao ministério que passara por aquelas portas. Tive professores muito abençoados que me ensinaram teologia, Bíblia, história, aconselhamento. Eram todos, sem exceção, homens de Deus, comprometidos com a infalibilidade das Escrituras e com a teologia reformada.
Tenho que confessar, porém, que nesse período, esfriei bastante. Perdi em parte aquele zelo evangelístico, a prática de dedicar várias horas diárias para ler a Bíblia e orar. O contato com a história da Igreja, a história das doutrinas, as controvérsias, afora a carga tremenda de leituras e trabalhos a serem feitos, tudo isso teve impacto na minha vida devocional. Pela graça de Deus, durante esse período me mantive ligado ao trabalho evangelístico, à pregação. Mantive-me em comunhão com outros colegas que também amavam o Senhor e juntos orávamos, discutíamos, compartilhávamos nossas angústias, alegrias, dificuldades e planos futuros. Saí do seminário arranhado.



Infelizmente esse não é o caso de muitos. Se o Mauro Meister quisesse, ele poderia dar testemunho aqui de como quase perdeu a fé em Deus e na Palavra quando entrou no seminário da denominação à qual ele pertencia antes de ser presbiteriano. Ele teve que tomar uma decisão: ficar e perder a fé, ou sair. Preferiu sair -- pelo que todos nós somos gratos! -- e fazer outro seminário. Além desses dois casos que eu mencionei, conheço vários outros de seminaristas, estudantes de teologia, que perderam a fé, o zelo, o fervor, a confiança, e que saíram do seminário totalmente diferentes daqueles jovens entusiasmados, evangelistas, que um dia entraram na sala de aula ansiosos por aprender mais de Deus e da sua Palavra.

Existem algumas razões pelas quais essa história tem se tornado cada vez mais comum. Coloco aqui as que considero mais relevantes, sempre lembrando que muitos seminários e escolas de teologia levam muito a sério a questão da ortodoxia bíblica e do cultivo da vida espiritual de seus alunos. Não é a eles a que me refiro aqui.
1) Acho que tudo começa quando as denominações mandam para os seminários e faculdades de teologia jovens que não têm absolutamente a menor condição de serem pastores, professores, obreiros e pregadores. Muitos são enviados sem qualquer preparo intelectual, espiritual e emocional. Alguns mal fizeram 17 anos e foram enviados simplesmente porque eram líderes destacados dos adolescentes de sua igreja, eram líderes do grupo de louvor ou filhos de pessoas influentes da igreja. Não é sem razão que Paulo orienta que o líder não pode ser neófito, isto é, novo na fé (1Tim 3.6). Eles não têm a menor estrutura intelectual, bíblica e emocional para interagir criticamente com os livros dos liberais e com os professores liberais que vão encontrar aos montes em algumas das instituições para onde serão mandados. Não estarão inoculados preventivamente contra o veneno que professores liberais costumam destilar em sala de aula. E nem têm ainda maturidade para estudar teologia como se fosse uma disciplina qualquer, até mesmo quando ensinada por professores conservadores que mal oram em sala de aula.

2) Acho também que a culpa é das denominações que mantêm professores liberais ou conservadores frios espiritualmente nas cátedras de suas escolas de teologia. O que um professor que não acredita em Deus, nem que a Bíblia é a Palavra de Deus, não ora, tem para ensinar a jovens que estão na sala de aula para aprender mais de Deus e de sua Palavra? Há seminários e escolas de teologia que mantêm no corpo docente professores que nem vão mais à uma igreja local, que usam o título de pastor apenas para ocupar uma vaga na cátedra dos seminários. Nunca levaram ninguém a Cristo e nem estão interessados nisso. Não têm vida de oração, de piedade. Que exemplo eles poderão dar aos jovens que sentam nas salas de aula com a mente aberta, ansiosos e desejosos de ter modelos, exemplos de líderes para começar seus próprios ministérios?

3) Alguns desses professores têm como alvo pessoal destruir a fé de todos os seus estudantes antes mesmo que terminem o primeiro ano de estudos. Começam desconstruindo o conceito de que a Bíblia é a infalível e inspirada Palavra de Deus. Com grandes demonstrações de sapiência e erudição, eles mostram os erros da Bíblia e o engano da Igreja Cristã, influenciada pela filosofia grega, em elaborar doutrinas como a Trindade, a Divindade de Cristo, a Expiação. Mesmo sem usar linguagem direta -- alguns usam, todavia -- lançam dúvidas sobre a ressurreição literal de Cristo de entre os mortos. A pá de cal na sepultura da fé desses meninos é a vida desses professores. Além de não terem vida devocional alguma, alguns deles ensinam os seus pobres alunos a beber, fumar e freqüentar baladas e outros locais. Eles até lideram o grupo Noé (que se encheu de vinho) e o grupo Isaías ("e a casa se encheu de fumo") nos seminários!!

4) Bom, acredito que uma fé que pode ser destruída deve ser destruída mesmo, pois não era autêntica e nem sólida. Quanto mais cedo ela for destruída e substituída por uma fé robusta, enraizada na Palavra de Deus, melhor. Acontece que os professores liberais e os professores conservadores mortos só sabem destruir; eles não têm a menor idéia de como ajudar jovens candidatos ao ministério pastoral a cultivar uma mente educada, uma fé robusta e uma vida de devoção e consagração a Deus: os primeiros, porque lhes falta fé; os segundos, devoção. Ao fim de quatro anos de estudo com professores assim, vários desses jovens saem para serem pastores, mas intimamente -- alguns, abertamente -- estão cheios de dúvidas quanto à Bíblia, quanto a Deus e quanto às principais doutrinas da fé cristã. Estão confusos teologicamente, incertos doutrinariamente e cínicos devocionalmente. Quando entraram nos estudos teológicos, eram jovens que tinham como a missão principal de sua vida pregar o Evangelho, glorificar a Deus e ganhar o mundo para Cristo. Agora, após quatro anos debaixo de professores liberais ou conservadores mortos, seu único alvo é conseguir campo para ganhar o pão de cada dia e sustentar-se e à família. Esse tipo de motivação destrói igrejas em curto espaço de tempo.

5) Não podemos deixar de lembrar que ao final, se trata de uma guerra espiritual feroz, em que Satanás tenta de todos os modos corromper a singeleza e sinceridade da fé em Cristo, atacando a mente e o coração dos futuros pastores (2Cor 11:3). Usando professores sem fé e professores sem vida espiritual, ele procura minar as convicções, a certeza, o fervor e a dedicação dos jovens que se preparam para o ministério. Aqui é pertinente o lema de Calvino, orare et labutare. Pela oração, os seminaristas poderão escapar da tendência dos estudos teológicos de transformar nossa fé em um esquema doutrinário seco. E pela labuta nos estudos poderão se livrar das mentiras dos professores liberais, neo-ortodoxos, libertinos e marxistas.

Eu daria as seguintes sugestões a quem pensa em fazer teologia e depois seguir a carreira pastoral.


  • Verifique suas motivações. O que lhe leva a desejar o pastorado? Muitos querem ser pastores porque não conseguem ser mais nada na vida. Não conseguem passar no vestibular para outras carreiras e nem conseguem emprego. Vêem o pastorado como um caminho fácil para ter um emprego.
  • Procure saber qual a opinião de seus pais, de seus pastores, e de seus amigos mais chegados, que terão coragem de lhe dizer a verdade.
  • Seja honesto consigo mesmo e responda: Você já levou alguém a Cristo? Você tem liderança? Você tem facilidade de comunicação em público e em particular?
  • Você tem uma vida devocional firme, constante, sólida, em que lê a Bíblia e ora, buscando a face de Deus, com zelo e fervor? Cultiva uma vida santa e reta diante de Deus, odeia o pecado e almeja ser mais e mais santo em seu caminhar?


Um colega de seminário me lembrou recentemente que uma das coisas que o impediram de perder a fé e o fervor durante o tempo de estudos foi que ele tenazmente se aproximou dos professores conservadores que eram espirituais, dedicados, fervorosos, que valorizavam a vida com Deus e a santidade. A comunhão com esses homens de Deus foi um refrigério para ele, e funcionou como uma âncora nos momentos de tentação e crise.

Lamento pelos jovens que perdem sua fé ou seu amor a Deus durante os anos de estudos teológicos. Lamento mais ainda pelas igrejas onde eles vão trabalhar e onde plantarão as mesmas sementes de incredulidade e frieza que foram semeadas em sua mentes abertas e despreparadas por professores que não tinham fé ou não tinham zelo.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Prisões que não Possuem Grades

 




Carlos Moreira


“Memórias do Cárcere” é uma obra póstuma de Graciliano Ramos publicada em 1953. Preso na época do “Estado Novo” sob a falsa acusação de ligação com o Partido Comunista, o escritor foi deportado para o Rio de Janeiro, onde permaneceu encarcerado por cerca de dois anos.


No livro, Graciliano se ocupou em tornar público, “depois de muita hesitação”,acontecimentos da vida na prisão. Escrito dez anos após sua libertação, trás em si uma narrativa amarga, não obstante verdadeira. “
Quem dormiu no chão deve lembra-se disto... Escreverá talvez asperezas, mas é delas que a vida é feita: inútil negá-las, contorná-las, envolvê-las em gaze

Já li comentários de que pessoas que foram presas, sobretudo injustamente, jamais voltam a ser as mesmas. O cerceamento da liberdade trás impactos tão violentos a psique que o indivíduo não consegue mais se reencontrar com sua essência, impõe-se a um auto-exílio rumo aos porões do ser, acaba soterrado sob densas camadas de sombras e silêncios.

Eu sei que há prisões que possuem grades, e destas é muito difícil escapar. Mas há outros tipos de prisões, que vão para além de impor ao corpo a reclusão ao cubículo ao qual foi confinado. Sim, estas masmorras são imateriais, sem grades, sem paredes, são calabouços que aprisionam não só à vontade, o desejo de liberdade, mas o ser, a alma, a consciência, a paixão e os sonhos.

É fato que tenho encontrado, no chão da vida, muitas pessoas aprisionadas em tais “labirintos”. É gente que, sem perceber, tornou-se refém de circunstâncias, medos, traumas, sofismas, projeções, “carmas”, manipulações, culpas, vícios psicológicos, e toda sorte de situação que produz auto-engano e que acaba dando forma a uma imagem distorcida de si mesmo, a qual, projetada na“tela da existência”, reproduz um holograma monstrificado de quem enganosamente se pensa ser.

Em meus aconselhamentos pastorais, tenho me deparado com pessoas vivenciando tais dinâmicas. É gente que se tornou refém de marido, de mulher, de sogra, de filhos, tudo pelo estabelecimento de vínculos afetivos adoecidos, que acabam dando ao outro uma espécie de “licença para matar”, e, por assim dizer, produzem, pela via da culpa e do medo, todo tipo de escravidão e subserviência.

Há aqueles que estão presos a fatalismos e determinismos infundados, não raro fruto de comentários maldosos e recorrentes feitos por pessoas próximas, muitos dos quais se enraizaram na “alma” desde a infância. É gente que se sente “assombrada” por um “carma”, conduzida inexoravelmente por um trilho de onde não se pode sair, fadada a parar sempre na mesma “estação”,seguir sempre pelo mesmo caminho.

Também é comum encontrar os que se viciaram psicologicamente no fracasso, que sentem prazer na perda, no sonho frustrado, nas impossibilidades. Trata-se da negatividade alçada ao platô mais profundo do ser, gente cinzenta, sombria, que vive de olhar pelo “retrovisor”, lamentando pelo que passou, ansiando pelo que poderia ter sido, mas não foi...

Não menos danoso é o grupo dos que passaram a viver de uma espécie de “ração”, que esmolam da vida, se acomodaram em ser o que não são, estagnaram a consciência e amordaçaram o pensamento. Pessoas assim deixaram de acreditar no novo, na mudança, em possibilidades outras. Elas se acostumaram à mesmice, ao banal, ao trivial, seguem o fluxo, o curso, a rotina. Estão mortas, mas ainda não foram sepultadas, existem sem ser, sem saber vão, de arrastão em arrastão, vivem de “migalha de pão”, dos restos do ontem e dos fragmentos do hoje.

Finalmente, mas não menos triste, há os que adoeceram ao ponto de dependerem de medicação para viver, os chamados psicotrópicos, os quais se aplicam a distúrbios e doenças tais como ansiedade, depressão nervosa, distúrbio bipolar, psicose, pânico, dentre outras. Neste estágio há muita dor e desânimo, pois além dos sintomas próprios de cada doença, ainda há os efeitos colaterais dos remédios, tão diversos quanto possamos imaginar. Eles, sem pedir permissão, mudam as pessoas: alteram o olhar, o sorriso, os gestos, gostos, apetites e vontades.

Seria pieguismo e irresponsabilidade de minha parte dizer para você que a solução para todas estas coisas está na religião. Tolice afirmar que apenas reunião de oração, jejum e leitura da bíblia vão resolver o problema. Muito menos bizarrices do tipo: sessão do descarrego, culto de “libertação”, de “unção”, do "desencapetamento" total e outras mandingas do meio “evangélico” vão "liberar a benção". Estas reuniões estão mais para seções espíritas e são destinadas a curar todo e qualquer problema como fossem a “Água Rabelo”, um antigo remédio que se usava para tratar desde verminose até tuberculose. Não, eu não creio que seja assim.

Mas acredito que a cura passa pela experimentação da verdade, ou, como disse Tolstoi: “não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma conseqüência”. Eu creio que a maior parte dos problemas e dores humanas estão associados a não percepção da Verdade, e aqui afirmo Verdade não como paradigma existencial, mas como Caminho a ser caminhado, como experimentação de valores e princípios que mudam o ser, de dentro para fora, aos poucos, pela via da pacificação produzida pela Graça, em Fé e através do Amor, pela ação do Espírito Santo que é capaz de realizar aquilo que nada nem ninguém pode fazer em definitivo: sarar a alma! Sim, pois como disse Jesus: “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Estou convencido de que há prisões que não possuem grades, mas que aprisionam muito mais do que aquelas que prendem os indivíduos, posto que é mais fácil libertar o corpo do que a alma. Como disse em texto recente “...eu não sei qual foi a porta que eu abri mas, quando dei por mim, já estava aqui! Curioso, também, é que eu não sei como sair; as portas daqui só possuem maçanetas pelo lado de fora! Aqui é todo canto e lugar nenhum”.

Gostaria de te ver livre desta prisão, destas amarras que prendem tua mente, tua alma, teu ser. Sei que só Deus pode te livrar disto tudo, mas esta experiência tem de ser vivida por cada um, a seu tempo e do seu próprio modo. Fiques, então, com o que escreveu Clarice Lispector: “liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome”.

Carlos Moreira é coeditor do Genizah

fonte:http://www.genizahvirtual.com

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Sexo é pagão ou cristão?



Um dos mais recentes sucessos de Rita Lee faz uma comparação entre o amor e o sexo. Segundo ela, o amor é cristão, enquanto o sexo é pagão. Embora expresse o senso comum, trata-se de um equívoco. Sexo é cristão! Tanto quanto o amor. E Deus não o inventou apenas para procriação, nem mesmo apenas para o prazer. Há muito mais em jogo. E para refletir sobre isso, trago parte de um texto escrito por John Piper, célebre pensador e pregador americano. Vale a pena conferir:

Sexo e a Supremacia de Cristo

A Sexualidade é Designada por Deus como uma Maneira de se Conhecer a Deus mais Completamente.

Deus criou seres humanos à Sua imagem – macho e fêmea Ele os criou, com capacidades para prazeres sexuais intensos, e com um chamado para compromisso no casamento e continência na vida de solteiro. [1] E seu propósito em criar seres humanos com individualidade e paixão foi assegurar que houvesse linguagem e imagens sexuais que apontassem para as promessas e os prazeres do relacionamento de Deus com o Seu povo e de nosso relacionamento com Ele. Em outras palavras, a razão última (não somente a única) por que somos sexuais é para tornar Deus mais profundamente conhecível. A linguagem e as imagens da sexualidade são as mais gráficas e as mais poderosas que a Bíblia usa para descrever o relacionamento entre Deus e o Seu povo – tanto positivamente (quando somos fiéis), como negativamente (quando não somos).

Como tornar nossa sexualidade santificada, satisfatória e para o louvor de Cristo? De todos os meios que funcionam, eu mencionarei apenas dois.

Primeiro, conhecer a supremacia de Cristo esclarece tanto a alma que sexo e seus pequenos prazeres tornam-se tão pequenos quanto eles realmente são.

Almas pequenas fazem pequenos prazeres terem grande poder. A alma, como é, se expande para abrigar a grandeza de seu tesouro. A alma humana foi feita para ver e desfrutar da supremacia de Cristo. Nada mais é grande o bastante para expandir a alma como Deus planejou e que também faça pequenos prazeres perderem seu poder.

Imensos céus estrelados visto de uma montanha em Utah, quatro nuvens movendo-se em um espaço aparentemente sem fim em Montana, posicionar-se na beirada da mais profunda depressão do Grand Canyon – tudo isso pode ter um papel maravilhosamente suplementar no crescimento da alma, pela beleza. Mas nada pode tomar o lugar da supremacia de Cristo. Como Jonathan Edwards disse, se você abraça toda criação com boa-vontade, mas não Cristo, você está infinitamente solitário. Nosso corações foram feitos para serem alargados por Cristo, e toda a criação não pode substituir sua supremacia.

Minha convicção é que uma das maiores razões pelas quais o mundo e a igreja estão mergulhados em luxúria e pornografia (homens e mulheres – 30% da pornografia da internet atualmente é vista por mulheres) é que nossas vidas são intelectual e emocionalmente desconectadas da infinita e assustadora grandeza para o qual fomos feitos. Dentro e fora da igreja, a cultura ocidental está se afogando em um mar de trivialidade, superficialidade, banalidade e falta de bom senso. Televisão é trivial. Rádio é trivial. Conversas são triviais. Educação é trivial. Livros cristãos são triviais. Estilos de louvor são triviais. É inevitável que o coração humano, que foi feito para ser preenchido da supremacia de Cristo, mas que está se afundando no mar do entretenimento banal, procure pela melhor solução natural que a vida pode oferecer: sexo.

Portanto, a cura mais profunda para nossos vícios infelizes não são estratégias mentais – e eu acredito nelas e tenho minhas próprias. A cura mais profunda é ser intelectual e emocionalmente preenchido pela infinita, eterna e imutável supremacia de Cristo em todas as coisas. É isto que significa conhecê-lo. Cristo comprou este dom para nós ao custo de sua vida. Portanto, eu digo com Oséias: Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao SENHOR.

Finalmente, a outra visão que eu gostaria de mencionar é que este conhecer Cristo serve para salvar nossa sexualidade do pecado, e isto nos fortalece nos sofrimentos.

Conhecer tudo o que Deus prometeu para nós em Cristo, tanto agora quanto na eternidade vem com uma alegria sempre crescente, liberta-nos da compulsão de que nós devemos ignorar a dor e maximizar nosso conforto neste mundo. Nós não precisamos, e nós não ousaremos. Cristo morreu para fazer nosso futuro eterno radiante com a supremacia de sua glória. E a forma que ele utiliza para isto acontecer agora é: sofrimento, mas com o coração pleno de alegria no caminho do amor.



Extraído do texto "Sexo e Supremacia de Cristo" de John Piper, via Monergismo

Fonte: http://www.genizahvirtual.com